Leitura: Hebreus 10: 37-39; 11; 12: 1,2
Para que possamos apreciar e perceber o valor dessa parte da carta, do final do capítulo 10 ao capítulo 12, nós precisamos nos lembrar da posição na qual esses crentes Hebreus eram representados, ou a posição para a qual estavam sendo chamados, ou do que eles estavam sendo lembrados; e isto é, a posição celestial contra a aquela na qual eles estavam sob o risco de cair. Você sabe que o propósito inteiro desta carta era fazer uma separação entre esses crentes e aquilo que estava procurando os derrubar de novo a um nível e base de religião terrena, como sob o governo das aparências externas temporais das formas religiosas de vida estabelecidas por Moisés. O curso desta carta é desvendar o fato de que todas aquelas coisas do Velho Testamento eram apenas sombras de Cristo, O qual era a substância; apontando para Ele, e que com Sua vinda todas foram cumpridas e se tornaram celestiais em significado, valor, para a vida agora. E agora estes santos, sob grande pressão e batalha, estavam sendo tentados a deixarem a posição celestial e descerem de novo para a base terrena, pelo que, para a carne, é muito mais fácil uma posição de apenas fazer coisas religiosas exteriormente, e deixar que isso seja o início e fim de tudo. Assim, a posição celestial é aquilo para o que se aponta nesse último grande resumo, e nos mostra que essa posição para a qual o povo de Deus é chamado, se torna um terreno de suas maiores provas, porque eles são testados de acordo com a posição que eles tomaram. Isto é assim em cada grau e cada estágio e cada nível. Se a medida é pequena, então eles são testados de acordo com esta medida, mas se nós tomamos o completo, o máximo e o mais elevado, então o teste se torna supremo. Nós somos testados de acordo com a posição que tomamos.
Todas as Dispensações Governadas pela Fé
Agora, existe outra coisa que isto é mostrado, e é que a fé não é algo que foi trazido na dispensação do Novo Testamento, mas essa fé tem sido o princípio pelo qual o Senhor governou Seus santos em todas as eras. O Senhor nunca pretendeu que a dispensação da lei através de Moisés fosse outra além da dispensação da fé, e não é apenas o contraste entre as obras da lei e da fé que está diante de nós; porque você tem a fé aqui assumida em relação a todo o povo que estava sob a lei e ela se tornou a base para o seu julgamento. Pela fé Moisés... pela fé Israel, e continuamente sob toda essa dispensação, todos foram julgados pela fé. Fé sempre foi e sempre será uma coisa primária para Deus, algo supremo. É isto que governa todas as eras na mente do Senhor. Fé é a chave para cada era.
A Base da Fé
Agora, qual é a base da fé? Quando você olha para este capítulo, o capítulo onze de Hebreus, para ver o que é a base da fé, você descobre que era e é algo espiritual, feito dentro da pessoa. Eu sei que em número de casos registrados aqui, as coisas aconteceram externamente. Você tem Sara, tem Isaque, tem o livramento da fornalha: muitas coisas que aconteceram exteriormente. Mas qualquer coisa que tenha acontecido exteriormente dependeu inteiramente de algo que aconteceu interiormente. Nós não sabemos como todas essas coisas aconteceram. Por exemplo, pela fé, quando foi chamado por Deus, Abraão partiu. Nós não sabemos como ele foi chamado por Deus. Pode ter sido um anjo do Senhor que apareceu para ele, ou o Senhor mesmo apareceu de forma corpórea a Abraão. E nós podemos dizer, Oh, se ao menos isto tivesse acontecido a nós, isto nos daria um fundamento substancial para a fé! Se apenas três homens aparecessem a nós como apareceram a Abraão, e provado que eles eram a representação do Pai, do Filho e do Espírito Santo em forma corpórea (como eu acredito que indubitavelmente era, se você observar o incidente de perto, esta é a insinuação), quão fácil para a fé seria, ou quão diferente seria o fundamento da fé! Ele foi chamado por Deus.
Agora, amados, eu não acredito que foi algo que aconteceu sem o qual não haveria fundamento para a fé. Foi algo do qual, independente de como surgiu – pode ter acontecido por meio de instrumentos exteriores, coisas exteriores – independente de como surgiu, foi algo que foi feito interiormente, algo registrado interiormente, algo efetuado de uma forma interior; porque é questionável que um acontecimento exterior, um fenômeno, por mais maravilhoso que seja, seja um anjo do céu, que possa ser um duradouro, sólido fundamento para a fé. Nós podemos em momentos onde temos estas circunstâncias sempre duvidar de grandes experiências exteriores. Existe algo em nós chamado alma que é algo físico e é capaz de produzir os fenômenos mais marcantes e estonteantes, para que possamos crer nas coisas que a alma produz, e então dar meia volta e dizer, “Bem, foi evidentemente trabalhado, as coisas começaram a acontecer, eu ouvi coisas, eu vi coisas!” Mas podemos questionar isto tudo em uma base física e psicológica. Esta é a tentação. Estava eu naquele tempo em um estado de serenidade e equilíbrio, ou eu estava em um estado de tensão nervosa? Será que imaginei estas coisas, e será que elas foram afinal apenas físicas? E estas coisas poderiam acontecer a todos estes homens tanto no Novo como no Velho Testamento. Se esta fosse a base da fé, é totalmente deteriorada e insatisfatória. De qualquer forma que o Senhor venha e qualquer que seja o meio que Ele usar, a real base da fé é algo que realmente produziu efeito em nós, algo forjado. Apesar de possivelmente ter sido o Senhor da glória que apareceu ao pai Abraão, o efeito foi este, que Abraão sabia que algo havia acontecido nele, algo foi forjado nele, e ele poderia dizer a partir daí, “Existe algo em mim que é muito mais profundo do que os meios e métodos usados pelo Senhor, que se tornou uma parte do meu ser!” Se você por um momento pensar isto, que se um anjo te aparecesse seria mais fácil crer no futuro do que sem o anjo, lembre que você pode sempre duvidar dos seus anjos. Não existe garantia de que você vai crer porque viu um anjo, ou porque teve os céus abertos diante de você. Isto é algo tem que estar dentro, o qual, no final, é invisível, intangível, mas algo muito real. É algo que o Senhor fez, algo do Senhor mesmo, algo que o Senhor tornou real a você sobre Ele mesmo, Seu caminho, Sua mente, Sua vontade, algo forjado pelo Espírito Santo. Esta é a base da fé – o Senhor e o Seu efeito na sua vida. Eu não estou falando que sua experiência será a base da sua fé, mas o Senhor mesmo como uma realidade dentro de você, efetuando algo em você e afetando você de uma forma profunda no seu interior. Esta é a essência da fé que é exposta neste capítulo. Eles conheciam o Senhor de maneira interior, e este foi o início e o fim deles no assunto de fé.
A Natureza da Fé
Agora você vê que há um resultado desse conhecimento. Eles chegaram a um ponto onde eles podiam e realmente creram em que algo deveria acontecer, apesar de em muitos casos, a maioria deles, aquilo nunca aconteceu durante suas vidas. Mas a grande declaração deste capítulo é que isto não fez nenhuma diferença. Eles chegaram a uma posição com o Senhor, no conhecimento Dele, em que eles todos podiam morrer não recebendo as promessas. Todos morreram em Fé. Veja, eles nem ao menos tiveram o estímulo de ver a coisa se materializando; mas eles puderam morrer em fé. Pode ser até fácil viver em fé, se isto significa que você espera que aquilo que espera se realize durante a sua vida. Mas a essência da fé é – “Isto tem que ser! Isto é parte de Deus, é o próprio Deus, e posso viver para ver ou não, não faz nenhuma diferença para a fé; assim será! E eu vivo agora, não para ver isto durante minha vida, mas eu vivo hoje em relação ao que espero sabendo que será realizado em algum tempo dentro do propósito e intenção e Deus”.
Então temos adiante uma declaração maravilhosa. Eles não receberam as promessas, eles morreram na fé, mas eles olharam adiante, olharam para nós. A fé os levou além de suas próprias vidas, e a frase diz que eles não “seriam aperfeiçoados”. Esta palavra “aperfeiçoado” é muito interessante. Ela simplesmente significa que eles não poderiam chegar à consumação, a medida completa de sua fé. Ela não poderia alcançar seu fim até que nós entrássemos em cena. Ela demandava por nós. Eles, sem nós, não chegariam à consumação de sua fé; e a fé segue em frente e vê que ainda existem coisas que devem ser trazidas à realização por Deus daquilo que está em nosso coração, pelo qual estamos vivendo, pelo qual estamos trabalhando, pelas quais sofremos, e pelas quais estamos pacientemente aguardando. A fé vai direto ao fim e diz, ainda pode não ser o tempo; pode haver mais coisas a serem trazidas para que a consumação seja possível, mas eventualmente, minha fé em Deus será justificada, a aquilo se realizará! A fé é algo grande, é algo abrangente, e a verdadeira pureza de fé significa que nós não vivemos apenas para ver coisas no nosso tempo, caso contrário, se houvesse qualquer dúvida quanto à possibilidade de vermos algo em nosso tempo, a fé se perderia. Esta não é a essência da fé de jeito nenhum. Precisamos ter uma fé para além da vida, uma fé com ampla visão, que não se torna menos ativa porque a possibilidade de plena realização em nosso tempo começam a se obscurecer. Não, a fé deles nasceu no terreno no qual Deus planejava algo e eles sabiam disto, e Deus iria realizar isto mais cedo ou mais tarde; mas Deus pode que tenha que introduzir muito mais, mesmo depois deles terem ido para entendê-lo. Além do mais, eles estavam com Deus nisto com todo o coração. Ainda que eles não pudessem ver, iria acontecer. Esta é a base e natureza da fé aqui.
O Resultado da Fé
Então qual é o resultado? Por duas vezes é dito que, por este tipo de fé, eles receberam um bom testemunho. Os anciãos receberam um bom testemunho (vs.2). Então, quase no final, é dito que todos eles receberam um bom testemunho (vs.39). É isto que eles receberam – um bom testemunho. O que é um bom testemunho? Você sabe que no próximo capítulo, Capítulo 12, somos como crianças na escola, crianças de uma família. O Pai está lidando conosco como filhos, e isto é tudo parte deste argumento: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, e por aí vai. Isto é tudo para este bom testemunho. Eu não acredito que seja verdade no caso daqueles a quem se referiu no Capítulo 11, que o bom testemunho relatado é a respeito do que eles conquistaram, o quão inteligentes foram, e do que eles foram capazes de fazer em suas vidas. Esse não foi o bom testemunho. Deus está escrevendo o testemunho de suas vidas. Para que é este testemunho? Não, não foi porque eles alcançaram tantas coisas maravilhosas. O bom testemunho foi este, eles confiaram no Senhor e fizeram o seu máximo através da fé. Eles não disseram, “oh, bem, isto nunca vai se realizar em nossa vida e nunca poderemos ver isto acontecer; não tem utilidade! Precisa-se de pessoas melhores do que nós!” Não, eles olharam a coisa toda, e viram que, no geral, aquilo era humanamente impossível, apenas Deus poderia fazê-lo. Mas isto não os fez voltar atrás e dizer, “oh, eu nunca posso ser parte disto, eu nunca poderei ter nenhuma utilidade nisto!” Não, eles creram em Deus, eles confiaram no Senhor, então eles se incluíram de todo o coração e viveram em uma confiança positiva em Deus. Eles fizeram tudo o que a fé os guiou e levou a fazer. A fé é sempre algo ativo. O bom testemunho foi que eles creram no Senhor e se lançaram nisso, se entregaram a isto, não importando quão difíceis as coisas fossem.
A fé vai determinar qual das duas coisas vai nos caracterizar. Este é o verdadeiro ponto. Ou iremos viver sob uma terrível paralisia, totalmente petrificados por meio de confusão, perplexidade, inabilidade para entender, sendo incapazes de desembaraçar, de separar as coisas, de ver claramente e adiante, e poder entender o que significam os acontecimentos. Isto significa total paralisia, simplesmente parar com as mãos na cintura, desamparado e sem esperança. Este é o efeito da falta da fé positiva. O único caminho de vida e libertação dessa paralisia é a deliberada fé em Deus que nos leva a tomar uma atitude de ir em frente com Deus, entendendo ou não entendendo, com ou sem explicação, tendo luz ou sem luz; vamos adiante com Deus na base do que Deus fez em nós, tornou real em nós, do que Deus Ele mesmo é para nós por meio do que Ele fez em nós. Nós vamos adiante!
Nós, amados, podemos chegar a este ponto mais de uma vez no curso de nossas vidas; e devemos chegar ao ponto de perceber que iremos direto para outra situação de escuridão e desespero e paralisia, para ser descartado de qualquer eficiência, fecundidade, ou valor, não importa, se não assumirmos o controle e assumirmos para nós mesmos, “Tudo isto é inexplicável, confuso desconcertante, emaranhado do nosso ponto de vista ou do ponto de vista humano; mas Deus é, Deus é fiel. Isto é o que Ele diz de Si mesmo”. Então sem questionar Deus, vamos em frente crendo em Deus. Nós precisamos crer em Deus até o ponto de colocar sobre Ele a responsabilidade pelas derrotas, por erros, na medida em que colocamos realmente e honestamente nossas vidas à Sua disposição e temos nos rendido absolutamente a Ele e estamos livres de interesses pessoais e mundanos e estamos aqui apenas para Ele. Nós devemos ceder para a conta do Senhor coisas que foram erros e falhas, e confiar Nele com elas e seguir adiante.
Qual é a alternativa? Este é sempre o ponto. Qual é a alternativa? É desistir e sair, perder nosso terreno, e quando você for pesar isso no final – por quê? Bem, não confiamos no Senhor. Veja, Deus não está requerendo que sejamos perfeitos como Ele é, e este é o padrão que queremos chegar tantas vezes; de que nunca cometeremos erros, de que nunca teremos questionamentos, de que nosso caminho seja tão absolutamente perfeito que teremos confiança em nós mesmos em todos os passos que tomarmos. Não, você e eu nunca vamos chegar lá. Abraão cometeu erros, Moisés cometeu erros. Todas estas pessoas cometeram erros. Elias foi um homem com paixões como nós, e Elias se colocou sob um junípero e pediu que o Senhor o deixasse morrer. Todos esses passaram por este caminho, mas você vê que aqui há um registro – eles todos obtiveram um bom testemunho. Oh! Elias obteve um bom testemunho. Moisés se irou e perdeu a terra prometida, mas teve um bom testemunho. Abraão foi ao Egito, Abraão e Ismael; Abraão teve um bom testemunho. Não vamos tentar ser perfeitos como o Senhor é perfeito. O que o Senhor deseja é um coração perfeito diante dele; não que tenhamos realizado obras perfeitas, mas que tenhamos confiado no Senhor. Nós devemos sempre nos lembrar de que existe uma grande diferença entre fé e presunção, entre fé e vontade própria ou força de vontade. Fé é baseada em abnegação, e os homens de fé sempre foram homens muito humildes, marcados e ajustáveis quando cometeram erros. Não vamos buscar ser infalíveis, mas fiéis.
Para que possamos apreciar e perceber o valor dessa parte da carta, do final do capítulo 10 ao capítulo 12, nós precisamos nos lembrar da posição na qual esses crentes Hebreus eram representados, ou a posição para a qual estavam sendo chamados, ou do que eles estavam sendo lembrados; e isto é, a posição celestial contra a aquela na qual eles estavam sob o risco de cair. Você sabe que o propósito inteiro desta carta era fazer uma separação entre esses crentes e aquilo que estava procurando os derrubar de novo a um nível e base de religião terrena, como sob o governo das aparências externas temporais das formas religiosas de vida estabelecidas por Moisés. O curso desta carta é desvendar o fato de que todas aquelas coisas do Velho Testamento eram apenas sombras de Cristo, O qual era a substância; apontando para Ele, e que com Sua vinda todas foram cumpridas e se tornaram celestiais em significado, valor, para a vida agora. E agora estes santos, sob grande pressão e batalha, estavam sendo tentados a deixarem a posição celestial e descerem de novo para a base terrena, pelo que, para a carne, é muito mais fácil uma posição de apenas fazer coisas religiosas exteriormente, e deixar que isso seja o início e fim de tudo. Assim, a posição celestial é aquilo para o que se aponta nesse último grande resumo, e nos mostra que essa posição para a qual o povo de Deus é chamado, se torna um terreno de suas maiores provas, porque eles são testados de acordo com a posição que eles tomaram. Isto é assim em cada grau e cada estágio e cada nível. Se a medida é pequena, então eles são testados de acordo com esta medida, mas se nós tomamos o completo, o máximo e o mais elevado, então o teste se torna supremo. Nós somos testados de acordo com a posição que tomamos.
Agora, existe outra coisa que isto é mostrado, e é que a fé não é algo que foi trazido na dispensação do Novo Testamento, mas essa fé tem sido o princípio pelo qual o Senhor governou Seus santos em todas as eras. O Senhor nunca pretendeu que a dispensação da lei através de Moisés fosse outra além da dispensação da fé, e não é apenas o contraste entre as obras da lei e da fé que está diante de nós; porque você tem a fé aqui assumida em relação a todo o povo que estava sob a lei e ela se tornou a base para o seu julgamento. Pela fé Moisés... pela fé Israel, e continuamente sob toda essa dispensação, todos foram julgados pela fé. Fé sempre foi e sempre será uma coisa primária para Deus, algo supremo. É isto que governa todas as eras na mente do Senhor. Fé é a chave para cada era.
Agora, qual é a base da fé? Quando você olha para este capítulo, o capítulo onze de Hebreus, para ver o que é a base da fé, você descobre que era e é algo espiritual, feito dentro da pessoa. Eu sei que em número de casos registrados aqui, as coisas aconteceram externamente. Você tem Sara, tem Isaque, tem o livramento da fornalha: muitas coisas que aconteceram exteriormente. Mas qualquer coisa que tenha acontecido exteriormente dependeu inteiramente de algo que aconteceu interiormente. Nós não sabemos como todas essas coisas aconteceram. Por exemplo, pela fé, quando foi chamado por Deus, Abraão partiu. Nós não sabemos como ele foi chamado por Deus. Pode ter sido um anjo do Senhor que apareceu para ele, ou o Senhor mesmo apareceu de forma corpórea a Abraão. E nós podemos dizer, Oh, se ao menos isto tivesse acontecido a nós, isto nos daria um fundamento substancial para a fé! Se apenas três homens aparecessem a nós como apareceram a Abraão, e provado que eles eram a representação do Pai, do Filho e do Espírito Santo em forma corpórea (como eu acredito que indubitavelmente era, se você observar o incidente de perto, esta é a insinuação), quão fácil para a fé seria, ou quão diferente seria o fundamento da fé! Ele foi chamado por Deus.
Agora, amados, eu não acredito que foi algo que aconteceu sem o qual não haveria fundamento para a fé. Foi algo do qual, independente de como surgiu – pode ter acontecido por meio de instrumentos exteriores, coisas exteriores – independente de como surgiu, foi algo que foi feito interiormente, algo registrado interiormente, algo efetuado de uma forma interior; porque é questionável que um acontecimento exterior, um fenômeno, por mais maravilhoso que seja, seja um anjo do céu, que possa ser um duradouro, sólido fundamento para a fé. Nós podemos em momentos onde temos estas circunstâncias sempre duvidar de grandes experiências exteriores. Existe algo em nós chamado alma que é algo físico e é capaz de produzir os fenômenos mais marcantes e estonteantes, para que possamos crer nas coisas que a alma produz, e então dar meia volta e dizer, “Bem, foi evidentemente trabalhado, as coisas começaram a acontecer, eu ouvi coisas, eu vi coisas!” Mas podemos questionar isto tudo em uma base física e psicológica. Esta é a tentação. Estava eu naquele tempo em um estado de serenidade e equilíbrio, ou eu estava em um estado de tensão nervosa? Será que imaginei estas coisas, e será que elas foram afinal apenas físicas? E estas coisas poderiam acontecer a todos estes homens tanto no Novo como no Velho Testamento. Se esta fosse a base da fé, é totalmente deteriorada e insatisfatória. De qualquer forma que o Senhor venha e qualquer que seja o meio que Ele usar, a real base da fé é algo que realmente produziu efeito em nós, algo forjado. Apesar de possivelmente ter sido o Senhor da glória que apareceu ao pai Abraão, o efeito foi este, que Abraão sabia que algo havia acontecido nele, algo foi forjado nele, e ele poderia dizer a partir daí, “Existe algo em mim que é muito mais profundo do que os meios e métodos usados pelo Senhor, que se tornou uma parte do meu ser!” Se você por um momento pensar isto, que se um anjo te aparecesse seria mais fácil crer no futuro do que sem o anjo, lembre que você pode sempre duvidar dos seus anjos. Não existe garantia de que você vai crer porque viu um anjo, ou porque teve os céus abertos diante de você. Isto é algo tem que estar dentro, o qual, no final, é invisível, intangível, mas algo muito real. É algo que o Senhor fez, algo do Senhor mesmo, algo que o Senhor tornou real a você sobre Ele mesmo, Seu caminho, Sua mente, Sua vontade, algo forjado pelo Espírito Santo. Esta é a base da fé – o Senhor e o Seu efeito na sua vida. Eu não estou falando que sua experiência será a base da sua fé, mas o Senhor mesmo como uma realidade dentro de você, efetuando algo em você e afetando você de uma forma profunda no seu interior. Esta é a essência da fé que é exposta neste capítulo. Eles conheciam o Senhor de maneira interior, e este foi o início e o fim deles no assunto de fé.
Agora você vê que há um resultado desse conhecimento. Eles chegaram a um ponto onde eles podiam e realmente creram em que algo deveria acontecer, apesar de em muitos casos, a maioria deles, aquilo nunca aconteceu durante suas vidas. Mas a grande declaração deste capítulo é que isto não fez nenhuma diferença. Eles chegaram a uma posição com o Senhor, no conhecimento Dele, em que eles todos podiam morrer não recebendo as promessas. Todos morreram em Fé. Veja, eles nem ao menos tiveram o estímulo de ver a coisa se materializando; mas eles puderam morrer em fé. Pode ser até fácil viver em fé, se isto significa que você espera que aquilo que espera se realize durante a sua vida. Mas a essência da fé é – “Isto tem que ser! Isto é parte de Deus, é o próprio Deus, e posso viver para ver ou não, não faz nenhuma diferença para a fé; assim será! E eu vivo agora, não para ver isto durante minha vida, mas eu vivo hoje em relação ao que espero sabendo que será realizado em algum tempo dentro do propósito e intenção e Deus”.
Então temos adiante uma declaração maravilhosa. Eles não receberam as promessas, eles morreram na fé, mas eles olharam adiante, olharam para nós. A fé os levou além de suas próprias vidas, e a frase diz que eles não “seriam aperfeiçoados”. Esta palavra “aperfeiçoado” é muito interessante. Ela simplesmente significa que eles não poderiam chegar à consumação, a medida completa de sua fé. Ela não poderia alcançar seu fim até que nós entrássemos em cena. Ela demandava por nós. Eles, sem nós, não chegariam à consumação de sua fé; e a fé segue em frente e vê que ainda existem coisas que devem ser trazidas à realização por Deus daquilo que está em nosso coração, pelo qual estamos vivendo, pelo qual estamos trabalhando, pelas quais sofremos, e pelas quais estamos pacientemente aguardando. A fé vai direto ao fim e diz, ainda pode não ser o tempo; pode haver mais coisas a serem trazidas para que a consumação seja possível, mas eventualmente, minha fé em Deus será justificada, a aquilo se realizará! A fé é algo grande, é algo abrangente, e a verdadeira pureza de fé significa que nós não vivemos apenas para ver coisas no nosso tempo, caso contrário, se houvesse qualquer dúvida quanto à possibilidade de vermos algo em nosso tempo, a fé se perderia. Esta não é a essência da fé de jeito nenhum. Precisamos ter uma fé para além da vida, uma fé com ampla visão, que não se torna menos ativa porque a possibilidade de plena realização em nosso tempo começam a se obscurecer. Não, a fé deles nasceu no terreno no qual Deus planejava algo e eles sabiam disto, e Deus iria realizar isto mais cedo ou mais tarde; mas Deus pode que tenha que introduzir muito mais, mesmo depois deles terem ido para entendê-lo. Além do mais, eles estavam com Deus nisto com todo o coração. Ainda que eles não pudessem ver, iria acontecer. Esta é a base e natureza da fé aqui.
Então qual é o resultado? Por duas vezes é dito que, por este tipo de fé, eles receberam um bom testemunho. Os anciãos receberam um bom testemunho (vs.2). Então, quase no final, é dito que todos eles receberam um bom testemunho (vs.39). É isto que eles receberam – um bom testemunho. O que é um bom testemunho? Você sabe que no próximo capítulo, Capítulo 12, somos como crianças na escola, crianças de uma família. O Pai está lidando conosco como filhos, e isto é tudo parte deste argumento: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, e por aí vai. Isto é tudo para este bom testemunho. Eu não acredito que seja verdade no caso daqueles a quem se referiu no Capítulo 11, que o bom testemunho relatado é a respeito do que eles conquistaram, o quão inteligentes foram, e do que eles foram capazes de fazer em suas vidas. Esse não foi o bom testemunho. Deus está escrevendo o testemunho de suas vidas. Para que é este testemunho? Não, não foi porque eles alcançaram tantas coisas maravilhosas. O bom testemunho foi este, eles confiaram no Senhor e fizeram o seu máximo através da fé. Eles não disseram, “oh, bem, isto nunca vai se realizar em nossa vida e nunca poderemos ver isto acontecer; não tem utilidade! Precisa-se de pessoas melhores do que nós!” Não, eles olharam a coisa toda, e viram que, no geral, aquilo era humanamente impossível, apenas Deus poderia fazê-lo. Mas isto não os fez voltar atrás e dizer, “oh, eu nunca posso ser parte disto, eu nunca poderei ter nenhuma utilidade nisto!” Não, eles creram em Deus, eles confiaram no Senhor, então eles se incluíram de todo o coração e viveram em uma confiança positiva em Deus. Eles fizeram tudo o que a fé os guiou e levou a fazer. A fé é sempre algo ativo. O bom testemunho foi que eles creram no Senhor e se lançaram nisso, se entregaram a isto, não importando quão difíceis as coisas fossem.
A fé vai determinar qual das duas coisas vai nos caracterizar. Este é o verdadeiro ponto. Ou iremos viver sob uma terrível paralisia, totalmente petrificados por meio de confusão, perplexidade, inabilidade para entender, sendo incapazes de desembaraçar, de separar as coisas, de ver claramente e adiante, e poder entender o que significam os acontecimentos. Isto significa total paralisia, simplesmente parar com as mãos na cintura, desamparado e sem esperança. Este é o efeito da falta da fé positiva. O único caminho de vida e libertação dessa paralisia é a deliberada fé em Deus que nos leva a tomar uma atitude de ir em frente com Deus, entendendo ou não entendendo, com ou sem explicação, tendo luz ou sem luz; vamos adiante com Deus na base do que Deus fez em nós, tornou real em nós, do que Deus Ele mesmo é para nós por meio do que Ele fez em nós. Nós vamos adiante!
Nós, amados, podemos chegar a este ponto mais de uma vez no curso de nossas vidas; e devemos chegar ao ponto de perceber que iremos direto para outra situação de escuridão e desespero e paralisia, para ser descartado de qualquer eficiência, fecundidade, ou valor, não importa, se não assumirmos o controle e assumirmos para nós mesmos, “Tudo isto é inexplicável, confuso desconcertante, emaranhado do nosso ponto de vista ou do ponto de vista humano; mas Deus é, Deus é fiel. Isto é o que Ele diz de Si mesmo”. Então sem questionar Deus, vamos em frente crendo em Deus. Nós precisamos crer em Deus até o ponto de colocar sobre Ele a responsabilidade pelas derrotas, por erros, na medida em que colocamos realmente e honestamente nossas vidas à Sua disposição e temos nos rendido absolutamente a Ele e estamos livres de interesses pessoais e mundanos e estamos aqui apenas para Ele. Nós devemos ceder para a conta do Senhor coisas que foram erros e falhas, e confiar Nele com elas e seguir adiante.
Qual é a alternativa? Este é sempre o ponto. Qual é a alternativa? É desistir e sair, perder nosso terreno, e quando você for pesar isso no final – por quê? Bem, não confiamos no Senhor. Veja, Deus não está requerendo que sejamos perfeitos como Ele é, e este é o padrão que queremos chegar tantas vezes; de que nunca cometeremos erros, de que nunca teremos questionamentos, de que nosso caminho seja tão absolutamente perfeito que teremos confiança em nós mesmos em todos os passos que tomarmos. Não, você e eu nunca vamos chegar lá. Abraão cometeu erros, Moisés cometeu erros. Todas estas pessoas cometeram erros. Elias foi um homem com paixões como nós, e Elias se colocou sob um junípero e pediu que o Senhor o deixasse morrer. Todos esses passaram por este caminho, mas você vê que aqui há um registro – eles todos obtiveram um bom testemunho. Oh! Elias obteve um bom testemunho. Moisés se irou e perdeu a terra prometida, mas teve um bom testemunho. Abraão foi ao Egito, Abraão e Ismael; Abraão teve um bom testemunho. Não vamos tentar ser perfeitos como o Senhor é perfeito. O que o Senhor deseja é um coração perfeito diante dele; não que tenhamos realizado obras perfeitas, mas que tenhamos confiado no Senhor. Nós devemos sempre nos lembrar de que existe uma grande diferença entre fé e presunção, entre fé e vontade própria ou força de vontade. Fé é baseada em abnegação, e os homens de fé sempre foram homens muito humildes, marcados e ajustáveis quando cometeram erros. Não vamos buscar ser infalíveis, mas fiéis.
Primeiramente publicado na revista “Uma testemunha e o Testemunho”, Maio-Junho 1942, Vol 20-3
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