A Base da Unidade (Parte 1)
Paulo coloca sete fundamentos onde a unidade da Igreja está estabelecida. Não produzimos essa unidade, apenas nos esforçamos diligentemente para preservá-la.
1. Um só corpo
Certamente Paulo não se refere aqui a igreja local, mas a Igreja mística, invisível e espiritual. Não que não deva haver unidade na localidade, mas na igreja local é possível que existam pessoas que não nasceram de novo, enquanto na Igreja invisível isso não pode acontecer. É possível ser membro de uma igreja local e não ser membro do corpo de Cristo. É por não compreender esses princípios que muitos grupos se declararam a única e verdadeira Igreja durante a história.
Essa Igreja invisível é única porque é o corpo de Cristo e o homem não pode ter vários corpos, há somente um corpo. Nela estão todos os tipos de pessoas, cores, raças, provenientes de toda tribo, língua, povos e nação. O espaço não afeta esse corpo, e da mesma forma o tempo não afeta essa Igreja. Os cristãos da Igreja primitiva estão nesse corpo, os reformadores, os puritanos, os pentecostais e todos os salvos no decorrer dos séculos. Todos fazem parte desse corpo.
A maneira de entendermos a Igreja invisível é pelo corpo. Ele não é uma coleção de partes, mas uma unidade orgânica. Cada membro é participante da natureza divina, pois nasceram de Cristo, o cabeça. No corpo há variedade na unidade. Apesar de estarem num mesmo corpo os membros não são iguais. Nunca devemos confundir unidade com uniformidade. Na unidade do corpo há diversidade, interdependência entre os membros e não existem partes menos importantes. Nenhum membro tem sentido ou real significado isolado por si mesmo, separado do corpo. É tolo discutir qual membro do corpo é mais importante. Na verdade Paulo diz em Coríntios que revestimos de especial honra as partes que são menos honrosas.
Outro princípio importante é que na unidade do corpo todas as partes trabalham juntas com a mesma finalidade e têm o mesmo objetivo. Todo o corpo está focado sempre numa única direção. O resultado dessa unidade, diz Paulo aos coríntios, é que se um membro sofre, todo o corpo sofre junto com ele (1Co 12.26). Se um membro está doente, o corpo está doente. Por causa da unidade do corpo o mesmo sangue que corre num membro corre em outro também.
Não podemos, porém, usar o argumento da Igreja invisível para nos desculpar da divisão na igreja visível. É como uma família. Uma vez que haja um vínculo de pais e filhos e entre filhos e filhos, evidentemente tais vínculos não podem ser desfeitos jamais. Mas se todos estão brigados e vivem distantes uns dos outros fica evidente que a unidade foi comprometida. Portanto, existe um nível de unidade que ninguém pode tocar: a unidade da família. São como aqueles que têm um mesmo parentesco. Entretanto, a unidade da proximidade e da convivência deve ser preservada a todo custo. Além disso, se Paulo diz que precisamos preservar é porque a unidade pode se deteriorar.
2. Um só Espírito
Se a Igreja é um corpo, como ela foi formada? Como veio a existir e o que constitui a sua vida? O que habilita o corpo a funcionar? O apóstolo responde a essas perguntas dizendo que é o Espírito Santo. Noutras palavras a Igreja é o resultado da atividade dEle.
O Espírito Santo está no centro do corpo e permeia a vida e o ser do organismo inteiro. Há somente um Espírito que é indivisível. Não há um espírito em mim e outro no irmão. Há somente um Espírito que habita simultaneamente em mim e no irmão.
Existe uma infinidade de espíritos malignos (Mc 5.9), mas apenas um Espírito Santo. Este atua em todos, mas sempre de uma forma distinta. O alvo do homem é a produção em massa, mas a obra do Espírito sempre resulta em variedade e individualidade.
3. Uma só esperança
Depois de dizer que há um só corpo e um só Espírito, Paulo diz que há uma só esperança. Mas porque ele fala deles? A resposta é que uma vez que o Espírito tem preparado o corpo o resultado é que esse corpo se manifestará a toda a criação como a expressão de Cristo.
Só há unidade entre aqueles que possuem a mesma esperança. Na verdade é o hábito de olhar para o que fomos ou tivemos no passado que causa mais divisão. Quando todos olhamos para frente, para a nossa esperança a unidade se estabelece. Devemos mesmo deixar para trás as nossas experiências espirituais. As experiências variam, pois o Espírito age como quer, mas nós discutimos por causa de experiências distintas que nem deveriam ser iguais. Devemos ainda deixar de olhar para aquilo que somos hoje. Não importa se somos jovens ou velhos, o que importa é o que viremos a ser. Na igreja primitiva todos eram um, incluindo jovens e crianças. Um idoso pode ser um bebê em Cristo e uma jovem pode ser madura na fé. (Rm 8.18, 2Co 4.17-18, 2Co 5.1).
Aluízio A. Silva
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